Quando a democracia é testada: o peso histórico das tornozeleiras de Bolsonaro
Quando a democracia é testada: o peso histórico das tornozeleiras de Bolsonaro

Por: Dimas Carvalho – Colunista do Jornal Papo de Artista Bahia e Ativista Social.
A história política do Brasil acaba de virar mais uma página carregada de simbolismo e contradições. Na manhã desta sexta-feira (18), o ex-presidente Jair Bolsonaro, figura central das mais recentes turbulências institucionais do país, foi alvo de buscas da Polícia Federal e, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), terá que cumprir medidas restritivas inéditas para um ex-chefe de Estado: uso de tornozeleira eletrônica, afastamento das redes sociais e proibição de contato direto com seu próprio filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Essa decisão, porém, vai além da imagem de um ex-mandatário sendo monitorado como um criminoso comum. Ela é reflexo de uma investigação que desnuda o lado mais obscuro da política recente: a suposta tentativa de golpe de Estado que, segundo a Polícia Federal, incluía o assassinato do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes. Um plano que, de acordo com o inquérito, só não se concretizou por circunstâncias alheias à vontade de Bolsonaro – apontado como líder e articulador direto da trama.
O abismo entre discurso e realidade
Para quem se apresentou como defensor da pátria, o peso das denúncias é devastador. Um ex-presidente, eleito pelo voto popular, agora sob risco de enfrentar mais de 40 anos de prisão por tentar subverter a mesma democracia que o levou ao poder. Um homem que fez da liberdade de expressão e do combate às “elites” seu mantra, agora silenciado judicialmente, proibido de sequer usar as redes sociais – palco onde cultivou sua base mais fiel.
O impacto para os direitos humanos e para o Brasil que queremos ser
Como ativista social, é impossível não refletir sobre o tamanho da cicatriz que isso deixa na já fragilizada confiança do povo brasileiro em suas instituições. Para muitos, a decisão é um marco na defesa do Estado Democrático de Direito. Para outros, será explorada como narrativa de perseguição política. Mas, acima das leituras partidárias, está um fato inegociável: nenhum projeto de poder pode justificar o ataque à vida, à democracia e aos direitos fundamentais.
Essa cena – um ex-presidente de tornozeleira eletrônica – é mais do que um constrangimento pessoal. É o retrato de um Brasil que ainda luta para consolidar os pilares da República, onde as escolhas de hoje moldarão a memória coletiva de amanhã.
Não se trata de comemorar ou lamentar. Trata-se de compreender que a democracia não se defende sozinha.
Leia, compartilhe e reflita: até onde o poder pode ir quando não encontra limites na ética e na Constituição?
Foto: Internet
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