A Bahia sob o peso do silêncio e da má gestão: quando o discurso não sustenta a realidade
A Bahia sob o peso do silêncio e da má gestão: quando o discurso não sustenta a realidade

Por: Dimas Carvalho – Colunista do Jornal Papo de Artista Bahia e Ativista Social. Analista político.
A Bahia, berço de lutas históricas e palco de resistências, vive hoje um momento que exige coragem para encarar a verdade. A Serra da Chapadinha, um dos mais importantes redutos ambientais da Chapada Diamantina, está sendo dilacerada pela mineração e pela extração vegetal descontrolada. Essa serra, que abastece a Bacia do Rio Paraguaçu – vital para mais de 80 municípios –, clama por socorro. Enquanto comunidades locais imploram para que o espaço seja transformado em Unidade de Conservação, políticos e supostos defensores do meio ambiente permanecem mudos, cúmplices por omissão. É o silêncio que mata, o silêncio que autoriza a destruição.
Um governo à deriva
Se no meio ambiente reina a inércia, na segurança pública e no sistema penitenciário o cenário é de colapso. O governador Jerônimo Rodrigues, acuado por críticas e escândalos na Seap, tenta um “choque de gestão”, mas o caos já virou rotina. Eunápolis, por exemplo, transformou-se numa “Faixa de Gaza” baiana, onde facções armadas ditam o medo e até turistas pagam com a vida pela ausência do Estado. Ao mesmo tempo, a BR-367 virou sinônimo de terror. A prioridade parece ser outra: articulações políticas e acordos de conveniência para garantir o poder, mesmo que isso signifique atropelar aliados e ignorar os clamores de quem sofre.
A democracia de fachada
As denúncias de que até mortos votaram na eleição do PT na Bahia expuseram um vexame político e moral. Um partido que se orgulha de defender as urnas eletrônicas adotou cédulas de papel em 2025, ironicamente se aproximando do método defendido por aqueles que critica. Irregularidades já chegaram à Justiça, envergonhando lideranças e fragilizando o discurso democrático. Nos bastidores, corre uma “operação abafa”, mas os danos já estão feitos: a credibilidade, que deveria ser um patrimônio, sangra a cada revelação.
Gestão pública em frangalhos
As manobras administrativas do governo escancaram a falta de compromisso com a legalidade. Contratações sem empenho, confissões abertas de irregularidades e R$ 1,7 bilhão em despesas executadas de forma indevida mostram que o “jeito Jerônimo” de governar parece se sustentar em improviso e descaso. Enquanto isso, secretarias de educação gastam mais, mas entregam menos, com alunos rendendo abaixo do esperado. É a matemática da má gestão: mais dinheiro, menos resultado.
Agronegócio abandonado, promessas vazias
O setor agropecuário, que move a economia baiana do pequeno ao grande produtor, também se vê abandonado. A seca, os ataques de cães a rebanhos e a infraestrutura precária no Oeste denunciam um governo que promete muito e faz pouco. É reunião sem ação, é discurso sem entrega.
A conta chegou
Somam-se a isso o veto do presidente Lula ao projeto que manteria a representatividade da Bahia na Câmara dos Deputados, diminuindo ainda mais a voz do estado em Brasília. Uma ironia cruel para quem se apresentou como defensor da democracia e agora reduz a força política de um povo que acreditou nesse discurso.
A Bahia está sendo governada por narrativas, enquanto a realidade escorre pelas mãos. A Serra da Chapadinha agoniza, o sistema penitenciário implode, as eleições viram piada, a educação definha, o agro sofre, e o medo toma as ruas. Diante de tudo isso, o maior crime é o silêncio – de quem deveria falar e agir.
Até quando aceitaremos que a omissão e o descaso sejam a regra? Leia, compartilhe e reflita: a mudança só virá quando o povo não aceitar mais ser espectador da própria tragédia.
Foto: Internet
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