“A esperança voltou a girar em Camaçari: o retorno da indústria e o recomeço de milhares”

“A esperança voltou a girar em Camaçari: o retorno da indústria e o recomeço de milhares”

“A esperança voltou a girar em Camaçari: o retorno da indústria e o recomeço de milhares”
“A esperança voltou a girar em Camaçari: o retorno da indústria e o recomeço de milhares” (Foto: Reprodução)

Por Nilson Carvalho – Jornalista, Artista Plástico e Embaixador dos Direitos Humanos

Em uma cidade marcada pela dor do desemprego e pela memória recente da saída da Ford, um novo capítulo começa a ser escrito. O anúncio da chegada da montadora chinesa BYD a Camaçari resgata mais do que uma linha de produção: reacende a esperança coletiva de milhares de trabalhadores que viram suas vidas pararem em 2021.

A história de Daniela Menezes, 44 anos, é o retrato fiel da superação. Após duas décadas na antiga fábrica da Ford, ela renasce profissionalmente como líder de logística na planta da BYD. Sua trajetória representa não apenas uma conquista individual, mas o grito de resiliência de uma cidade inteira. Daniela é a voz de mães, pais e jovens que foram empurrados à margem por um sistema que, por muito tempo, ignorou sua força e capacidade.

Mas esse recomeço não pode ser apenas comemorado sob a ótica da geração de empregos. É necessário analisar com profundidade o modelo de desenvolvimento que queremos para o futuro. A eletrificação dos veículos, os avanços tecnológicos e a prometida transição energética são promissores — desde que não reproduzam as desigualdades do passado. É fundamental garantir que os postos de trabalho oferecidos venham acompanhados de valorização salarial, inclusão, capacitação real e condições dignas.

A projeção de até 20 mil novos empregos diretos e indiretos até 2027 pode mudar o cenário socioeconômico da Bahia, mas é preciso fiscalizar de perto para que esse crescimento não se concentre nas mãos de poucos ou vire propaganda política. A inclusão da juventude negra, das mulheres, dos ex-funcionários abandonados pela Ford e dos trabalhadores informais deve ser prioridade absoluta.

Além disso, a chamada "neoindustrialização" precisa dialogar com o desenvolvimento sustentável, os direitos trabalhistas e a justiça social. A BYD chega com bilhões em investimento, parcerias com o Senai e o IFBA, e promessa de inovação. Mas qual é o compromisso com o território? Com as comunidades? Com a reparação social?

Enquanto os galpões se erguem e os motores voltam a roncar, que a população esteja vigilante. Que as oportunidades não sejam apenas estatísticas em relatórios corporativos, mas caminhos reais para reconstruir vidas que foram esquecidas.

“A engrenagem da indústria voltou a girar, mas que ela mova também os sonhos de quem nunca parou de lutar. Leia, compartilhe e reflita: progresso sem justiça social é só fachada.”

Foto: Internet

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