“Metrô de Salvador: trilhos do caos e da insegurança em um estado à deriva”

“Metrô de Salvador: trilhos do caos e da insegurança em um estado à deriva”

“Metrô de Salvador: trilhos do caos e da insegurança em um estado à deriva”
“Metrô de Salvador: trilhos do caos e da insegurança em um estado à deriva” (Foto: Reprodução)

Por Nilson Carvalho – Jornalista, Artista Plástico e Embaixador dos Direitos Humanos

Era para ser o símbolo da modernidade, do progresso e da mobilidade digna para o povo baiano. Mas o que encontrei no metrô de Salvador foi um retrato cru da decadência silenciosa que atinge a Bahia em várias frentes — segurança, saúde, educação e, agora, até no direito de ir e vir com tranquilidade.

Após inúmeras denúncias, fui pessoalmente verificar o que acontece nos trilhos da capital. O que vi não pode ser ignorado: comércio irregular em plena atividade, ambulantes vendendo desde capas de celular a eletrônicos, pessoas pedindo dinheiro com Pix e maquininha de cartão na mão, e o mais alarmante — usuários sendo coagidos a doar, muitas vezes com medo de represálias.

O que era proibido virou rotina. O que era exceção, tornou-se regra. O metrô, que no início funcionava sob um modelo exemplar de limpeza, segurança e ordem, hoje parece um mercado descontrolado, sem fiscalização e sem respeito ao cidadão.

Conversamos com usuários que revelaram o que os relatórios oficiais escondem:

“Assédio corre solto aqui dentro. Cadê os vagões exclusivos para mulheres?”, denuncia dona Lurdes, que já sofreu constrangimentos repetidos e teme pela própria integridade.

Seu José, de 78 anos, contou com voz embargada: “Já vi de tudo aqui. Antes tinha segurança, mas agora nos deixaram à própria sorte. A gente anda com medo, até de falar algo.”

Dona Francisca desabafa: “Se você não der dinheiro, eles te xingam. Já vi gente sendo ameaçada por se recusar a doar. Isso aqui virou terra de ninguém.”

A ausência de rondas, de agentes treinados e de uma política séria de proteção ao passageiro reflete um descaso estatal profundo. O metrô, que deveria ser zona de paz e funcionalidade, virou um espaço de tensão, comércio paralelo e violência velada. Uma verdadeira distopia sobre trilhos.

Infelizmente, o que acontece ali dentro é o espelho do que vemos em outras áreas da vida pública na Bahia. O metrô é apenas mais uma estação do abandono: um estado sem norte, onde o povo é passageiro de um trem sem condutor — ou pior, com condutores que fingem não ver os trilhos quebrados.

“Quando nem o caminho para casa é seguro, é sinal de que perdemos mais que direitos — perdemos a dignidade. Leia, compartilhe e reflita: aonde mais vamos permitir que o abandono nos leve?”

"O que fizeram da nossa Bahia? Transformaram terra de alegria em cenário de abandono — e o povo, em passageiro do descaso.NC"

Foto: GPAB

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