Brasil falha na alfabetização infantil: a urgência de ensinar a ler para não condenar ao silêncio
Brasil falha na alfabetização infantil: a urgência de ensinar a ler para não condenar ao silêncio

Por Nilson Carvalho – Jornalista, Ativista Social e Embaixador dos Direitos Humanos
O Brasil mais uma vez falha com suas crianças. O dado parece pequeno para quem olha apenas os números: 59,2% das crianças do 2º ano do ensino fundamental estão alfabetizadas, enquanto a meta do Governo Federal era 60%. Uma diferença de 0,8 ponto percentual, mas com consequências imensuráveis para o futuro de uma geração inteira.
O relatório do Indicador Criança Alfabetizada, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC), revela uma dura realidade: quase metade das nossas crianças de 7 anos ainda não consegue ler e escrever plenamente. E isso, em pleno 2025.
Um país que deixa suas crianças no escuro
Mais uma vez, as estatísticas escancaram um Brasil profundamente desigual e negligente com a infância. Não é apenas sobre metas não alcançadas. É sobre sonhos interrompidos, inteligências subestimadas, futuros barrados por falta de estrutura, formação docente, políticas públicas de continuidade e vontade política real.
A Bahia, por exemplo, teve um dos piores desempenhos em 2023, com apenas 37% das crianças alfabetizadas no 2º ano. Mesmo com a meta elevada para 43% em 2024, o estado ainda patina. Uma realidade invisível para quem governa de longe, mas cruelmente nítida para quem ensina com salário atrasado e sem material, ou para quem aprende com fome e caderno emprestado.
Criança que não lê, não escolhe. Não sonha. Não se defende.
A alfabetização vai além das palavras. Ela é o primeiro instrumento de liberdade, de cidadania, de inclusão. Quando o Brasil falha em alfabetizar, ele priva a criança do direito mais básico: o de existir com voz própria. Porque quem não lê, não compreende. Quem não escreve, não se insere. Quem não é alfabetizado, é deixado à margem da história.
O ministro fala em “arregaçar as mangas”. Mas as mães já fazem isso todos os dias.
Camilo Santana, ministro da Educação, justificou o desempenho ruim nacional com as tragédias no Rio Grande do Sul, e disse que agora é hora de focar nos territórios. Mas o povo já faz isso há anos — sem estrutura, sem apoio, com a coragem que só quem não tem opção consegue ter.
As professoras que ensinam em escolas sem ventilador, os pais que inventam lanche quando não há merenda, as crianças que aprendem com celular emprestado. Eles já estão fazendo a sua parte. E o Estado?
Leia. Compartilhe. Reflita.
Não existe futuro enquanto houver criança que não sabe ler. Não há redenção nacional sem alfabetização. E não há justiça onde o conhecimento ainda é um privilégio.
Educar é libertar. Ensinar a ler é ensinar a viver. Que o Brasil pare de empurrar os números — e comece a salvar suas crianças.
Foto: Internet
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