Redução de IPI promete carros mais baratos na Bahia — mas quem realmente pode comprar um carro popular de R$ 70 mil?

Redução de IPI promete carros mais baratos na Bahia — mas quem realmente pode comprar um carro popular de R$ 70 mil?

Redução de IPI promete carros mais baratos na Bahia — mas quem realmente pode comprar um carro popular de R$ 70 mil?
Redução de IPI promete carros mais baratos na Bahia — mas quem realmente pode comprar um carro popular de R$ 70 mil? (Foto: Reprodução)

Por Nilson Carvalho – Jornalista, ativista social e Embaixador dos Direitos Humanos

Nesta sexta-feira (11), começa a valer a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos sustentáveis no Brasil. A medida, anunciada pelo governo federal, busca aquecer o setor automotivo e facilitar o acesso ao chamado “carro popular”. Mas, na prática, será que o povo baiano — especialmente os mais pobres — vai conseguir comprar um carro de R$ 65 mil?

Hoje, o modelo mais barato nas concessionárias da Bahia, o Fiat Mobi Like, custa R$ 69.990. Com a redução do IPI, o preço pode cair para R$ 65.090, uma economia de pouco menos de R$ 5 mil. Ainda assim, estamos falando de um veículo cuja aquisição, mesmo com descontos, continua fora da realidade de milhões de trabalhadores brasileiros.

Uma medida que beneficia o mercado — e não a maioria

Concessionárias, como a Sanave, já preveem um "boom" nas vendas, especialmente para modelos como o Polo Track, que poderá cair de R$ 96.690 para R$ 89.990. Mas quem são os verdadeiros beneficiados? O pobre trabalhador, que depende de transporte público precarizado, ou a classe média que pode financiar com entrada robusta e crédito facilitado?

Enquanto a propaganda do “carro mais barato” ecoa nas manchetes, as periferias seguem enfrentando a falta de ônibus, de infraestrutura viária, e de políticas públicas reais de mobilidade urbana.

Carros sustentáveis com critérios — mas e a sustentabilidade social?

Para ter direito ao IPI zero, o veículo deve:

Emitir menos de 83g de CO₂ por km;

Usar mais de 80% de materiais recicláveis;

Ser fabricado no Brasil;

Ser classificado como compacto.

Mas não há exigência de preço acessível para o consumidor popular, nem de incentivo direto ao transporte coletivo, muito menos à mobilidade em áreas vulneráveis.

Um alerta necessário

A redução de impostos sobre carros pode parecer avanço. Mas precisamos olhar além do discurso. Quem pode pagar R$ 65 mil em um país com mais de 50% da população endividada e 33 milhões em insegurança alimentar? O “carro popular” virou um luxo?

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É preciso coragem para reconhecer: o problema da mobilidade no Brasil não se resolve com desconto para poucos.

A verdadeira revolução começa quando o povo andar com dignidade — de ônibus, bicicleta ou carro, mas com acesso real, não só com propaganda.

Desconto que não alcança o povo é vitrine para enganar a fome.

Foto: Internet

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