Lençóis: O Paraíso Que Encanta, Mas Que Também Precisa Ser Ouvido
Lençóis: O Paraíso Que Encanta, Mas Que Também Precisa Ser Ouvido

Ao primeiro olhar, Lençóis — encravada no coração da Chapada Diamantina — parece saída de uma pintura viva: cachoeiras que despencam do céu, trilhas que cruzam florestas ancestrais e um povo que acolhe como quem abre a porta da alma. É fácil se apaixonar. Mas por trás desse encanto que atrai turistas de todo o mundo, existe uma realidade que, como jornalista e defensor dos direitos humanos, não posso deixar de expor: quem cuida dos que vivem no paraíso?
O jornalista e artista plástico Nilson Carvalho, quando esteve lá, se encantou tanto que transformou a experiência em arte. Criou o acervo intitulado “Caminho das Pedras”, com doze lugares deslumbrantes de Lençóis, hoje em exposição na Galeria Nilson Carvalho, em Arembepe. “Vivi dias maravilhosos que jamais serão esquecidos”, declara ele.
Você que já esteve lá e viveu esse sentimento, deixe seu comentário: você amou, foi amado — e viveu o tipo de lembrança que nem o tempo consegue apagar. Nunca se esqueça: o amor é eterno em Lençóis. Tudo lá é mais intenso, mais verdadeiro.
Mas não podemos permitir que toda essa riqueza seja apenas um cartão-postal. Porque, enquanto os visitantes sobem trilhas em busca de mirantes e aventura, muitos moradores descem ladeiras diárias em busca de atendimento médico digno, oportunidades de estudo e acesso a políticas públicas que sustentem a vida real, longe das lentes do turismo.
A cidade pulsa com um potencial imenso, mas sua juventude, em grande parte, vê os sonhos evaporarem por falta de acesso ao ensino superior, cursos técnicos e caminhos claros para uma vida digna. Professores se desdobram, mães enfrentam distâncias para cuidar dos filhos, e jovens promissores partem para estudar, deixando para trás uma terra sedenta de talentos e esperança.
A economia, sustentada quase que exclusivamente pelo turismo, oscila com as estações. Quando o turista vai embora, quem fica é o povo. E este povo, belo como sua terra, resiste. Mas a resistência não pode ser eternamente solitária.
Como jornalista, artista plástico e embaixador dos direitos humanos, afirmo: a beleza de Lençóis não pode servir de véu para esconder a ausência do Estado. É preciso investir em educação, saúde e estrutura com o mesmo empenho que se investe em atrair visitantes. Porque só quando o paraíso for justo para quem mora nele, ele poderá ser chamado, de fato, de paraíso.
“Um lugar só é verdadeiramente mágico quando seu povo vive com dignidade. Que Lençóis não seja apenas lembrada como destino turístico, mas como terra de histórias, afetos, arte e direitos garantidos.”
Compartilhe. Reflita. Que a beleza também desperte compromisso.
"Gratidão a você que esteve presente nesse momento tão sublime e inspirador da minha vida — sua presença transformou tudo em luz e significado."
Fotos Galeria Nilson Carvalho
Por Nilson Carvalho, jornalista, artista plástico e embaixador dos direitos humanos
Publicado no Caderno Reflexão & Realidade – Junho/2025
https://youtube.com/shorts/pFRvB5jRve4
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