SEXTA-FEIRA 13: O DIA EM QUE O MEDO VIROU LEGENDA, MAS A IGNORÂNCIA VIROU VIOLÊNCIA

SEXTA-FEIRA 13: O DIA EM QUE O MEDO VIROU LEGENDA, MAS A IGNORÂNCIA VIROU VIOLÊNCIA

SEXTA-FEIRA 13: O DIA EM QUE O MEDO VIROU LEGENDA, MAS A IGNORÂNCIA VIROU VIOLÊNCIA
SEXTA-FEIRA 13: O DIA EM QUE O MEDO VIROU LEGENDA, MAS A IGNORÂNCIA VIROU VIOLÊNCIA (Foto: Reprodução)

Enquanto muitos a tratam com humor ou superstição — como um dia “do azar”, repleto de gatos pretos, espelhos quebrados e escadas a evitar — outros, vítimas silenciosas da intolerância, vivem na pele as consequências de um medo ancestral transformado em discriminação.

Esta data, que carrega raízes místicas profundas na mitologia nórdica, numerologia e nas tradições da bruxaria, deveria ser vista como símbolo de transformação, recomeço e reconexão espiritual. Mas ao longo dos séculos, a ignorância institucionalizou o medo, transformando o sagrado em profano, e a mulher livre em bruxa maldita.

Do sagrado ao demonizado

A história da sexta-feira 13 não começa com azar, mas sim com rituais de fertilidade, celebrações da deusa Freya — protetora do amor e da renovação — e o número 13 como símbolo dos ciclos lunares femininos. Com o avanço do cristianismo na Europa medieval, tudo o que vinha das antigas tradições pagãs foi rotulado como ameaça: a mulher sábia virou bruxa, o ritual virou feitiçaria, o número 13 virou maldição.

Foi assim que o medo se institucionalizou. A Inquisição perseguiu, torturou e matou milhares de mulheres. E hoje, séculos depois, o imaginário social ainda carrega essas marcas: gatos pretos são agredidos, mulheres que seguem religiões de matriz africana ainda são chamadas de “bruxas” em tom pejorativo, e datas como essa alimentam estigmas em vez de reverenciar a diversidade espiritual.

A memória dos templários que o fogo não apagou

Também pesa sobre esta data a memória dos Cavaleiros Templários, traídos e executados em 13 de outubro de 1307. Condenados à fogueira por ameaçarem o poder do rei francês, os templários simbolizam o que muitos enfrentam ainda hoje: serem silenciados por desafiar estruturas de dominação.

Mas e hoje, o que representa a sexta-feira 13?

Para os praticantes de espiritualidades alternativas — como a bruxaria natural, religiões de matriz africana, wicca, paganismo contemporâneo — a sexta-feira 13 é dia de reconexão, de rituais de proteção, de cura, de renascimento.

É um dia sagrado, não sombrio. Um dia de memória, não de medo.

E onde entra o jornalismo com causa?

Entra aqui: denunciando o preconceito que ainda marginaliza saberes antigos. Apontando que por trás da superstição existe um histórico de opressão de mulheres, povos originários e religiosos de matriz africana. E lembrando que ignorância alimentada vira violência legitimada.

Enquanto houver gato preto perseguido, mulher queimada em nome de Deus, terreiro atacado por intolerância religiosa — sexta-feira 13 não será só superstição. Será um alerta.

Que o medo não seja mais forte que a verdade. Que a ignorância não fale mais alto que o respeito. Que o sagrado de um povo não seja o espantalho do outro.

Compartilhe. Reflita. Respeite.

“Antes de repetir o medo que te contaram, pergunte-se quem perdeu a vida para essa lenda ser contada.”


Foto: Internet

Por Nilson Carvalho – Jornalista e Embaixador dos Direitos Humanos

 

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