Alameda do Rio: Moram Gente ou Bichos?
Alameda do Rio: Moram Gente ou Bichos?

Alameda do Rio e Água Fria, comunidades pulsantes da periferia de Camaçari, nos escancaram uma realidade que grita por socorro — mas que raramente é ouvida. A reportagem da TV Bahia 3 esteve no local, e o que encontramos não foi apenas abandono, mas um cenário de profunda desumanização. A pergunta que não cala: a quem serve o poder, se não ao povo?
Em cada rosto que encontramos, havia um traço de cansaço, mas também resistência. Em cada passo dado na lama, um grito preso na garganta. As ruas intransitáveis, mais parecem trilhas de sobrevivência. E a precariedade do transporte escolar — se é que pode ser chamado assim — coloca em risco todos os dias a vida de dezenas de crianças. Mães relatam o terror diário ao verem seus filhos subirem em verdadeiras carroças motorizadas, em condições impróprias até para carga.
"Enquanto as ruas seguem embruacadas e os ônibus quebrados, os sonhos do povo vão sendo remendados na marra — mas a dignidade não se conserta com silêncio."
Dona Francisca, moradora antiga, foi firme em sua denúncia:
“Meu filho, essa situação sempre foi assim. Entra governo, sai governo, e nós continuamos no esquecimento. Só lembram da gente na época de política.”
Seu Zé, homem simples e direto, resumiu com amargura:
“Moro aqui há muitos anos e ainda tem gente que defende lado azul ou vermelho... nenhum presta!”
Já Maria Antônia, com os olhos marejados, expressou o amor pela terra onde nasceu:
“Aqui é o meu lar. Amo esse lugar e não vou desistir dos meus sonhos por causa de nenhum governo.”
Mas a grande pergunta que ecoa ao final de nossa visita é: será que o povo terá que descer à sepultura carregando os desmandos dos que foram eleitos para protegê-los?
Essa não é uma matéria qualquer. É um pedido de socorro. Um alerta. Um espelho do Brasil profundo, onde ainda se vive como se fosse século passado. Onde dignidade é luxo, e sobrevivência é rotina.
A quem interessa manter essa gente na lama? Onde estão os investimentos, os compromissos assumidos em palanques e enterrados com as urnas?
Como jornalista e embaixador dos direitos humanos, não posso — e não vou — silenciar diante de tamanha injustiça.
"Não se cale. Compartilhe, reflita e aja: porque ignorar o sofrimento alheio é a pior forma de violência."
Fotos: JPAB /TVBAHIA 3
Por Nilson Carvalho – Jornalista e Embaixador dos Direitos Humanos
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