Indignação no Rancho Alegre: A ponte da vergonha e o descaso institucional
Indignação no Rancho Alegre: A ponte da vergonha e o descaso institucional

No coração de Arembepe, dentro do Portal que abriga um dos pontos turísticos mais simbólicos da Costa de Camaçari, a realidade bate mais forte do que qualquer propaganda de gestão pública. A ponte que liga a comunidade do Rancho Alegre ao restante do bairro — e à própria dignidade — está caindo aos pedaços. Literalmente.
As tábuas estão soltas, já há buracos, e o risco de acidente é evidente, visível a olho nu — como mostram as imagens registradas pela equipe da TV Bahia 3.
E a pergunta que ecoa entre os moradores é direta, dolorosa e revoltante:
"Será que estão esperando essa ponte cair para tomar providência?"
Entre promessas e abandono, o tempo passa e a ponte apodrece
Não estamos falando apenas de uma estrutura de madeira sobre um rio. Estamos falando de vidas, de crianças que passam ali todos os dias, de idosos que confiam que o caminho até sua casa não seja uma armadilha mortal.
Ali também passa a memória da comunidade, o acesso ao Rio Açu da Capivara, e à primeira Galeria de Arte de Camaçari, ponto turístico que resiste ao abandono institucional. É mais que descaso. É apagamento cultural e negligência social.
Enquanto isso, o povo sente na pele o esquecimento: ruas esburacadas, coleta de lixo irregular, promessas vazias e a velha desculpa — “foi a gestão anterior que fez”. Como se o que é público tivesse dono. Como se o povo pudesse esperar.
"Nós somos esquecidos" — vozes que clamam por respeito
Dona Maria, moradora da comunidade, não esconde a dor:
“Fui eleitora dessa gestão. Me arrependo. Somos esquecidos. A ponte é só mais um dos problemas.”
Seu Marcos, experiente e desiludido, diz o que todos pensam:
“Já conheço essa história. Esperam acontecer uma tragédia para aparecer de colete e tirar foto.”
Dona Janete completa, com a voz embargada:
“Aqui só vão dar importância quando uma criança cair no rio. Aí viram notícia.”
E o artista plástico Nilson Carvalho denuncia o apagamento cultural:
“Eles nem sabem que a 1ª Galeria de Camaçari se encontrar em Arembepe. A arte está ali, resistindo como essa ponte. Sem apoio, mas de pé.”
É só promessa. E nisso, realmente, eles são bons.
A ponte está lá, balançando como símbolo de um povo ignorado. Mas também como resistência de uma comunidade que não se cala, que grita, que denuncia — porque o silêncio já custou demais.
Não queremos mais “nota de esclarecimento”. Queremos ação concreta. Queremos respeito. Queremos cuidado antes da tragédia, não depois dela.
Compartilhe esta matéria. Que ela ecoe até onde o barulho do povo costuma ser abafado.
Porque esperar cair para reconstruir é política da morte, não de governo.
Fotos: TV BAHIA 3
Por Malu Araújo, jornalista — com fotos e apoio do Jornalismo Cidadão de Arembepe
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