Lula na estrada e o povo na espera: quando é que a política vai ser mais do que palanque?
Lula na estrada e o povo na espera: quando é que a política vai ser mais do que palanque?

Por um ativista social que não se cala diante do abandono!
Essa semana, o presidente Lula botou o pé na estrada. Passa pelo Nordeste, vai lá pro Sul, entrega obra aqui, assina projeto ali. Tudo isso faz parte do que ele mesmo chamou de “começar a fazer política”. Mas deixa eu te perguntar, minha irmã, meu irmão: quando foi que a política parou de ser feita nesse país? Porque, na real, a gente vive como se toda semana fosse véspera de eleição.
Em Salgueiro (PE), o presidente fala do “Caminho das Águas” e promete levar segurança hídrica pra mais de 8 milhões de pessoas. No papel é lindo. Na prática, o povo segue com o balde na mão, caminhando quilômetros por água. A transposição do São Francisco é promessa de longas datas. Já virou até herança política, que um entrega, outro retoma, outro corta a fita. E a gente? Segue sedento.
Depois ele vai pra Cachoeira dos Índios (PB), pro Paraná, pra Itajaí (SC), onde o porto vai reabrir. E a sensação é sempre a mesma: o Brasil só anda quando tem holofote. Só quando tem microfone ligado. Só quando interessa. Quando não tem câmera, não tem comitiva, não tem palanque... as obras param, as promessas dormem, e o povo esquece de esperar.
Cadê a política que transforma e não só aparece?
Quem vive a luta social, como eu, vê de perto que política pública de verdade não pode ser só moeda de troca. Água, terra, comida na mesa, transporte decente, escola com professor e merenda – isso tudo é direito básico, não presente de político. Mas parece que só chega se tiver interesse por trás, se for útil pra reeleição.
Lula tem história. Isso ninguém nega. Mas quando ele diz que vai “fazer política” agora, como se fosse uma novidade, o coração da gente aperta. Porque parece que só agora, com a popularidade caindo, ele lembra que precisa voltar pro povo. E a pergunta que ecoa nos cantos esquecidos do Brasil é simples:por que a gente só é lembrado quando o voto volta a ser importante?
O Brasil não pode ser eterno palanque
Essa mania de transformar cada inauguração em show, cada projeto em espetáculo, está corroendo a esperança do povo. E não é só com esse governo, não. É vício antigo. Político no Brasil parece que termina uma eleição já pensando na próxima. A prioridade não é a transformação, é a permanência. Não é o povo, é o poder.
Enquanto isso, nós seguimos batalhando: em comunidades sem saneamento, em escolas sem estrutura, em hospitais onde a fila não anda. A verdadeira política precisa nascer da dor do povo, não da vaidade de gabinete.
A pergunta que não cala
E aí, presidente, governadores, prefeitos, deputados: até quando o povo vai ser só figurante nesse roteiro? Até quando a política vai ser palanque e não porta de mudança?
Quem escreve aqui não é contra ninguém. É a favor do povo. A favor de um país que pare de funcionar só sob holofote. Que a água chegue mesmo depois que a comitiva for embora. Que as obras não parem quando os palanques forem desmontados. Que o Brasil deixe de ser promessa e vire projeto.
Se você também acredita que o povo merece mais que discurso, compartilhe esse texto. Vamos fazer barulho onde querem que a gente fique calado.
Imagem: Internet
Por: Dimas Carvalho – Escritor, Palestrante e Ativista Social.
Comentários (0)